Quando o assunto é descobrir a melhor forma de prevenir a Covid-19, os pesquisadores não medem esforços: são mais de 115 vacinas na corrida contra a doença com diferentes métodos. Isto porque, a vacina contra o Coronavírus é a peça-chave para o controle (e até erradicação) da doença e pode ser a vacina mais rápida da história a ser desenvolvida – até agora, o recorde é a do sarampo, que foi descoberta em dez anos.
Neste artigo, o Grupo NotreDame Intermédica mostra os diferentes tipos de vacinas produzidos, quais são as fases de teste, como essa proteção age no organismo e muito mais. Confira.
Como as vacinas são criadas
Antes de qualquer coisa, o vírus precisa ser identificado em estudos laboratoriais para avaliar qual o melhor método de vacina. Os cientistas podem utilizar partes do vírus, componentes criados em engenharia genética, vírus e bactérias causadores de outras doenças ou até materiais genéticos humanos. Veja quais são os tipos mais comuns de vacinas e como elas são produzidas:
Vírus desativado ou enfraquecido: há duas formas de utilizar esse método: alguns cientistas enfraquecem o vírus com um processo de mutação para que haja menos riscos de causar doenças ao ser inserido no organismo. Outros desativam totalmente o vírus com procedimentos químicos ou calor – desta forma, o vírus não causa doenças. Para o procedimento ser seguro, passa por mais fases de testes do que outros tipos de vacinas.
Unidade de proteína do vírus: considerada a forma mais segura, nesta metodologia é usada a “casca” – sem o material genético – do vírus para estimular uma resposta do sistema imunológico. Há casos ainda em que cientistas usam a proteína spike, que tem papel na entrada do vírus na célula. Geralmente, essa parte é misturada com outras substâncias para ter mais eficácia.
Partículas semelhantes: são criadas em laboratório para imitarem a estrutura do vírus e aumentarem a resposta do sistema imunológico.
Outros vírus e bactérias: algumas vacinas são criadas a partir de vírus e bactérias inofensivos no lugar do vírus que se quer combater. A ideia é inserir uma quantidade segura para estimular o organismo a criar anticorpos e se proteger do vírus que causa a doença.
DNA e RNA: esse tipo de tecnologia ainda não possui eficácia comprovada, pois nunca foi utilizada em vacinas licenciadas. No entanto, como envolvem apenas o material genético e não o vírus, é fácil de produzir. O objetivo dela é fazer com que as células do corpo humano produzam cópias de proteínas do vírus. Para isto, o material genético do patogênico é inserido em um anel sintético de DNA ou em uma fita fabricada de RNA e depois é colocado no organismo humano. A maioria das vacinas deste tipo codificam a proteína spike.
Fases
Mas, se há tantas vacinas sendo produzidas, por que ainda não chegaram aos postos de saúde? A resposta é simples: antes de serem distribuídas, as vacinas precisam passar por uma série de testes e aprovações. É necessário comprovar a eficácia, para entender se ela faz o sistema imunológico reagir e proteger o organismo; e a segurança – afinal, ela não pode ter mais reações negativas do que positivas.
Fase laboratorial: aqui, o causador da doença é identificado e há uma avaliação de fórmulas e moléculas para definir qual será a composição da vacina (pode ser algum dos tipos acima).
Estudos pré-clínicos: são os testes feitos em animais para avaliar se os componentes são tóxicos ou dão algum tipo de reação antes de entrar em contato com o organismo humano. Geralmente são feitos em camundongos transgênicos, que possuem o receptor ACE2 – parte da célula humana que se conecta com o Coronavírus.
Estudos clínicos são os testes em humanos, Eles são divididos em três fases:
Primeira fase: neste estágio, a vacina é testada em um pequeno grupo de pessoas sadias (de 10 a 100) para provar a segurança e a eficácia, ou seja, se não causam reações indesejadas e se ajudam na produção de anticorpos.
Segunda fase: centenas de voluntários aleatórios – incluindo pessoas em grupos de risco –são testados para comprovar se a resposta do organismo é suficiente e qual é a melhor dosagem.
Terceira fase: depois de avaliar a segurança da vacina e a quantidade que deve ser inserida no organismo humano, dezenas de milhares de indivíduos são testados para entender se a vacina previne a infecção pelo vírus em um número grande de pessoas.
Distribuição: antes de ser produzida em massa, a vacina precisa passar por todas as fases de testes e comprovar que é segura e eficiente. Apenas depois de uma aprovação, elas podem ser comercializadas e distribuídas para a população. No caso do Coronavírus, algumas empresas pediram autorização para pularem algumas fases por se tratar de um assunto emergencial.
Importância da vacina
A vacinação já erradicou diversas doenças ao longo da história. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse recurso reduziu em 80% as mortes por sarampo entre os anos 2000 a 2017. Antes dessa vacina, mais de 2,6 milhões de pessoas morriam da doença por ano. É também por conta dessa descoberta que milhares de crianças não morrem de paralisia por poliomielite.
As vacinas também criam a chamada “imunização de rebanho”, processo que acontece quando toda a população é vacinada, reduzindo os riscos de disseminação da doença. Ou seja, o vírus se depara com mais pessoas imunes e ele não consegue contaminar as pessoas, cessando a disseminação da doença. Assim, mesmo as pessoas que têm algum tipo de alergia ou restrição e não podem ser vacinadas ficam protegidas. Enquanto isso não acontece, como é o caso do Coronavírus, há um risco de contaminação da população como um todo, ou seja, ninguém está imune ou isento de pegar a doença.
Como a vacina funciona no corpo?
Quando a vacina é inserida no corpo com parte do agente infeccioso desativado ou enfraquecido, os glóbulos brancos são acionados para criar anticorpos que combatem a doença. Como a quantidade de vírus ou bactéria é administrada para ser segura, ela não causa a doença, por mais que possa haver febre ou dor local após a injeção. Na verdade, ela prepara o corpo para neutralizar o vírus quando ele aparecer.